
O músculo longuíssimo do tórax é um dos maiores e mais importantes músculos do tronco, desempenhando um papel essencial na estabilidade e movimento da coluna vertebral. Este músculo faz parte do grupo de músculos eretores da espinha, responsáveis pela extensão e manutenção da postura ereta, além de auxiliar na flexão lateral da coluna. Neste artigo, discutiremos em detalhes a anatomia, origem, inserção, inervação, ação, avaliação clínica e sua importância para a fisioterapia.
Anatomia
O músculo longuíssimo do tórax é o maior dos músculos eretores da espinha, ocupando a porção média deste grupo. Ele se estende ao longo da coluna vertebral, da região lombar até a parte superior do tórax. Junto com os músculos iliocostal e espinal, o longuíssimo forma o grupo paravertebral que sustenta e move a coluna vertebral. Ele é considerado um músculo profundo, localizado abaixo dos músculos superficiais do dorso, como o latíssimo do dorso e o trapézio.
Origem
A origem do longuíssimo do tórax ocorre nos processos transversos das vértebras lombares e no sacro. Ele também se origina da crista ilíaca, ligamentos sacroilíacos e na parte posterior do sacro. Essa origem extensa permite que o músculo atue em uma ampla área da coluna vertebral, contribuindo para a sua função de sustentação e movimento segmentar (MOORE; DALLEY, 2011).
Inserção
O longuíssimo do tórax se insere nos processos transversos das vértebras torácicas e nas costelas inferiores, entre os ângulos costais e os tubérculos das costelas. Ele também se insere em algumas partes da aponeurose toracolombar, reforçando sua função estabilizadora da coluna vertebral (KAPANDJI, 2000).
Inervação
A inervação do músculo longuíssimo do tórax é realizada pelos ramos posteriores dos nervos espinhais torácicos e lombares. Esses nervos permitem que o músculo responda a estímulos e atue de forma eficaz nos movimentos da coluna vertebral, garantindo que ele possa contrair-se corretamente para realizar suas funções (NEUMANN, 2017).
Ação
A principal função do músculo longuíssimo do tórax é a extensão da coluna vertebral, o que permite a manutenção de uma postura ereta. Quando os músculos de ambos os lados se contraem simultaneamente, eles promovem a extensão da coluna. Quando um lado do músculo se contrai isoladamente, ele produz a flexão lateral da coluna para o mesmo lado, permitindo uma inclinação controlada do tronco (KENDALL et al., 2010).
Além disso, o longuíssimo do tórax contribui para a rotação ipsilateral da coluna vertebral, ou seja, ele auxilia na rotação da coluna para o lado em que está localizado. Essa ação é importante em movimentos de torção do tronco, como durante a caminhada ou ao girar o corpo para olhar para trás.
Fisioterapia
Na prática fisioterapêutica, o músculo longuíssimo do tórax é frequentemente envolvido em casos de dor nas costas, especialmente na região torácica e lombar. A sobrecarga, o uso excessivo ou a fraqueza desse músculo podem resultar em dor e rigidez na coluna. O tratamento pode incluir alongamento, fortalecimento e liberação miofascial para aliviar a tensão e restaurar a função muscular (KISNER; COLBY, 2016).
Avaliação Clínica
A avaliação do longuíssimo do tórax é feita por meio da palpação, testes de força e análise da mobilidade da coluna. O fisioterapeuta pode palpar o músculo ao longo da coluna torácica e lombar, verificando a presença de dor ou tensão. Testes funcionais, como a extensão e flexão lateral da coluna, também são usados para avaliar a força e a função do músculo.
Palpação
Para palpar o longuíssimo do tórax, o paciente pode ser colocado em decúbito ventral (deitado de bruços). O fisioterapeuta posiciona as mãos lateralmente à coluna vertebral e, aplicando pressão moderada, verifica a presença de tensão, espasmos musculares ou dor. A palpação pode ser realizada desde a região lombar até a região torácica, seguindo o trajeto do músculo.
Teste de Força
O teste de força do músculo longuíssimo do tórax envolve a realização de movimentos de extensão e flexão lateral do tronco contra resistência. O fisioterapeuta pode solicitar ao paciente que realize a extensão do tronco enquanto aplica resistência manual. A força do músculo é avaliada com base na capacidade do paciente de superar a resistência e na qualidade do movimento.
Tratamento
O tratamento para disfunções no longuíssimo do tórax pode incluir uma combinação de técnicas de terapia manual, exercícios de fortalecimento e alongamento. A liberação miofascial pode ser útil para reduzir a tensão muscular, enquanto exercícios de estabilização da coluna ajudam a fortalecer o músculo e prevenir novas lesões. A abordagem deve ser personalizada, de acordo com as necessidades do paciente e o nível de disfunção muscular (KISNER; COLBY, 2016).
Prescrição de Exercícios
Os exercícios para fortalecer o longuíssimo do tórax geralmente envolvem movimentos que exigem extensão e flexão lateral da coluna. O exercício de “superman”, no qual o paciente se deita de bruços e eleva simultaneamente os braços e as pernas, é uma maneira eficaz de fortalecer esse músculo. Exercícios de pilates que desafiam a estabilidade da coluna também podem ser benéficos.
Alongamento
O alongamento do longuíssimo do tórax pode ser feito através de movimentos que promovem a flexão lateral do tronco. Um exemplo é o alongamento lateral em pé, onde o paciente se inclina para o lado oposto ao músculo que está sendo alongado. Manter a flexibilidade desse músculo é importante para prevenir dores e rigidez na coluna torácica e lombar.
Conclusão
O músculo longuíssimo do tórax desempenha um papel essencial na estabilização e mobilidade da coluna vertebral. Seu fortalecimento e alongamento adequados são cruciais para a saúde da coluna, especialmente em indivíduos que sofrem de dores nas costas ou desequilíbrios posturais. A fisioterapia oferece diversas abordagens para tratar disfunções nesse músculo, proporcionando alívio da dor e melhora na funcionalidade.
Referências
KAPANDJI, I. A. Fisiologia Articular: Esquemas Comentados de Mecânica Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
KENDALL, F. P.; MCCREARY, E. K.; PROVANCE, P. G.; ROGERS, M. M.; ROMANI, W. A. Músculos: Provas e Funções. 5. ed. São Paulo: Manole, 2010.
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. 6. ed. São Paulo: Elsevier, 2016.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia Orientada para a Clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
NEUMANN, D. A. Cinesiologia do Aparelho Musculoesquelético: Fundamentos para Reabilitação Física. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.